New-media num museu? – Parte V


Há pouco mais de um ano atrás, vi uma das mais maravilhosas peças de multimedia interactiva que tive até hoje oportunidade de observar. Não era baseada em tecnologias inovadoras; não era uma peça carissima, não eram conteudos do outro mundo. Não estava num museu.

Entrei no atrio de uma fábrica, e nele existia uma peça industrial (uma máquina, uma mera frezadora de pantografo) abatida do activo, mas recuperada como peça decorativa.

Ao seu lado um painel de plasma de grande dimensão, passava um video sobre os tempos gloriosos de funcionamento daquela frezadora, na fábrica que se encontrava ao nosso lado, e que podiamos ver através de uma janela enorme.

Som ambiente, quase imperceptivel, passava a banda sonora do video: os ruidos fabris, e do funcionamento da
frezadora.

A certa altura, subtil e lentamente, o tal documentário video, em imagem real, cheio de detalhes e pormenores, tranformava-se numa animação 3D colorida e claramente técnica, que, peça por peça nos mostrava o funcionamento da máquina e a articulação entre todas as partes. Ao mesmo tempo cada peça, na propria máquina (pelo menos algumas delas) iam sendo movimentadas, e discretamente iluminada, de forma a referenciar o observador.

E, como me disse o “inventor”, se tivesse alguem que lhe programasse isso, gostava de poder deixar manipular a animação 3D, para o visitante poder avançar e recuar, repetir partes tantas vezes quantas necessitasse para entender completamente o funcionamento de cada parte. Pessoalmente eu repetiria o funcionamento do pantógrafo, já que é uma peça que sempre me fascinou e fez parte do meu “imaginário mecânico” ( as outras são as juntas homocinéticas, as de cardan, e as transmissões “sem fim”… enfim, pancas!)

Esta peça maravilhosa, foi obra de um amador, engenheiro, é certo, director industrial a caminho da reforma, professor pardal como lhe chamam os funcionários, que apenas recorreu ao seu proprio gabinete de desenho industrial para a produção da animação 3D. Todo o resto foi trabalho de amador. De amador dedicado, que tinha um plano e um conceito, um objectivo claro um conhecimento profundo, e que, quase sem meios, produziu uma das mais didáticas instalações que eu já vi até à data!

Infelizmente, por razões de necessidade de espaço, a peça já teve que ser desmantelada. Mas permanece a engenhosidade de quem a concebeu, a eficácia daquela representação, o didatismo daquela realização.

E se os meios não eram os ideiais, o resultado foi sensacional e, para mim que me interesso por qualquer mecanismo que esteja num raio de 1000 metros, foi uma experiência iluminadora!

Moral da história: com pouco se faz muito, quando os conceitos e a concepção têm substância.

E esta substância, quase naif, neste caso, pode ser completamente diferente em ambiente museológico: bem fundamentada, com todo o background de estudo, com todo o conjunto de conhecimentos, recomendações e experiências a sustentar opçoes, com todo o corpo de saber acumulado que, felizmente, não faltam nesta àrea de actividade. E qualquer especialista se sentiria no sétimo céu perante a perspectiva de um projecto desta natureza…ou de muitos similares. E nem seria preciso recorrer a sucata, como neste caso, porque provávelmente a maquetagem e o fac simille seriam mais apropriados.

Eis como entendo o multimédia em espaço museológico: utilizado para transmitir o que de outro modo não seria possivel; para completar os gaps, em certos casos; de forma adequada e apropriada; activa e interactiva; e envolvolvendo o visitante na descoberta, sem falsos espectáculos, sem fogo de artificio. Mas com uma utilidade profunda, baseada num objectivo bem definido de transmissão de conhecimento, de captação de interesse.

No site do seu conceito Smart Grid a GE tem um exemplo extraordinário de um pequeno efeito de realidade aumentada, baseado numa tecnologia open source já bem explorada, mas que é de um efeito impressionante. Apreciem o video e deliciem-se:

http://ge.ecomagination.com/smartgrid/ar/movie.html

ge-grid

A parte interessante é que, este efeito que poderia parecer uma curiosidade (sem duvida), mas inutil e gratuito, ganha todo o significado quando enquadrado no site geral do conceito que se pretende mostrar, todo ele uma montra de design multimedia, mas também de conceitos profundos que omultimedia apenas explica. Não deixem de o entender:

http://ge.ecomagination.com/smartgrid/?c_id=googbrandgenerics#/landing_page

New-media num museu

New-media num museu? – Parte I
New-media num museu? – Parte II
New-media num museu? – Parte III
New-media num museu? – Parte IV
New Media num museu? – Parte V

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